quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Qual a causa do bem?

Quando perguntamos qual a causa do bem, ouvimos com frequência respostas como: Deus, amor, alegria, satisfação em ajudar...

Quando perguntamos qual a causa do mal? Aí vem a resposta: o homem, a inveja, vaidade, egoísmo...

Daí alguns também dizem que o mal é humano e o bem é divino.

Na antiguidade e idade média, e até nos dias de hoje, nas questões práticas da vida como quando uma colheita não vingava devido a seca ou pragas, o lavrador, tendo feito o mesmo que nos anos passados, não encontrando causa em si, afirma ser um castigo.

Nos povos pagãos diziam que os deuses estavam descontentes, irados, castigando ou punindo os “pobres” humanos... Então, apelavam para outros deuses, pois sempre tinha um de plantão para atender aos infortunados e ajudá-los. Por outro lado se a colheita era farta, então, salve salve oh! deus que permitiu esta colheita farta... essa influencia dos deuses estava presente também nas disputas humanas dos povos ou indivíduos, quando se pedia para salvar ou arruinar este ou aquele. Assim como em alguns cultos espiritualistas atuais apelam para a linha da direita ou da esquerda dependendo do que desejam fazer, se bem ou mal.

Se os povos pagãos tinham os deuses capazes de fazer o bem e o mal, os povos cuja religião deriva dos antigos Hebreus, por serem monoteístas, tinham a companhia dos anjos e dos demônios com a mesma função de fazer o bem ou o mal.

A ideia humana de Deus conclui que Deus é único, eterno, imutável, soberanamente justo e bom, onisciente, onipotente, misericordioso e infinito em seu amor e perfeição, inteligencia suprema, causa primeira de todas as coisas. O simples fato de existir um poder paralelo ao de Deus ou anjos perfeitos que se rebelaram, querendo se igualar ao Criador, contraria os atributos que, dentro de nossa limitação evolutiva, concluímos serem os atributos de Deus.

A ideia da luta entre o bem e o mal está enraizada nas crenças mais antigas e também nas atuais. O Espiritismo, bem compreendido, leva a outro entendimento sobre o bem e o mal. Dizer que o homem sofre a ação direta do bem e do mal, que o bem emana de Deus e o mal do Demônio, colocando o homem como marionete de um ou de outro é isentar a responsabilidade do homem sobre o bem ou mal que faz.

A ideia de bem ou de mal também deriva da experiência humana. Convencionou chamar de mal aquilo que ao longo do tempo nos causa sofrimento e infelicidade e de bem o que ao longo do tempo nos causa bem-estar e felicidade. Para algumas pessoas o uso de drogas que causam dependência química pode causar uma euforia no início, más a longo prazo gera destruição e sofrimento. Já o uso de drogas na chamada quimioterapia para o tratamento de cura do câncer causa sofrimento durante o tratamento mas gera uma felicidade e bem estar futuro. Daí a toxicomania ser um mal e a quimioterapia ser um bem.

Baseados nessa relação de causa e efeito o homem moderno sabe que sentimentos como inveja, cobiça, ciúmes, avareza, egoísmo, ódio causam sofrimentos. Já o amor, fraternidade, solidariedade, perdão, justiça resultam em felicidade, nesta e na outra vida.

A visão antropomórfica de Deus não tem mais lugar. Aquele Deus que manda, pune e intervém na vida de cada um dá lugar a visão de um Deus imaterial que rege todo o Universo ou Multiversos, como a ciência hoje anuncia, com Leis eternas e imutáveis como o próprio Deus.

Quando jogamos uma pedra para cima, Deus não precisa ordenar sua queda e nem punir por ela ter se aventurado a voar. Ela simplesmente cai por uma Lei Natural chamada Lei da Gravidade. Da mesma forma que existem as Leis Físicas que regem o mundo material, existem as Leis Morais. Quando infringimos uma dessas Leis Morais, criadas por Deus e perfeitas como o próprio Deus, sofremos a consequência sem que Deus precise determinar esta consequência. Da mesma forma só podemos realizar ao longo da existência o que estas sábias Leis permitem.

E de onde veio a ideia de anjos ou demônios, eles existem? Perguntaríamos ainda, alguém já ouviu, viu ou sentiu um anjo?

Se sobrevivemos espiritualmente após o falecimento do corpo físico, e sobrevivemos!, é lógico pensar que mantemos as características morais que tínhamos antes de nosso desencarne, e quase sempre mantemos!. Aqueles que faziam o bem aqui na Terra continuariam fazendo o bem na vida espiritual e aqueles que faziam o mal aqui na Terra continuariam com esta mesma característica na vida espiritual até que o arrependimento e a vontade de reparar o mal feito surja em sua consciência, lembrando que o bem gera estados de felicidade e paz de espírito, enquanto o mal de sofrimento e infelicidade.

Este estado de sofrimento e infelicidade causado pela prática do mal faz com que redirecione sua vontade e força vital. Então, a Lei de Deus, que está inscrita na consciência do homem, rege-o para a perfeição através da prática do bem. O mal, portanto, é um estado momentâneo, sem ser necessário, do qual resultará um bem através do aprendizado que dele resultará.

Aqueles que se regem pelo mal são mentes enfermiças e que através das reencarnações irão se iluminar para serem anjos no futuro. Não são os anjos que decaem, mas o seres imperfeitos que evoluem, deixando sua imperfeição, pois não foram seres criados perfeitos, mas com a potencialidade da perfectibilidade e assim se aperfeiçoam vida após vida para trabalharem incansavelmente nos multiversos criados por Deus.

Daí concluímos que o mal é causado pela imperfeição e é um estado momentâneo que resulta em sofrimento e infelicidade, consequência natural das Leis Morais da Vida. Já o bem é o estado perene do espírito cuja destinação é a perfeição e a felicidade. Longe de haver uma luta entre o bem o mal o que existe é o bem soberano e o mal resultante da desorientação e ignorância, que na sucessão das vidas resultará em um bem.

(Leia também o livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec cap VIII e IX)

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