Quando perguntamos qual
a causa do bem, ouvimos com frequência respostas como: Deus, amor,
alegria, satisfação em ajudar...
Quando perguntamos qual
a causa do mal? Aí vem a resposta: o homem, a inveja, vaidade,
egoísmo...
Daí alguns também
dizem que o mal é humano e o bem é divino.
Na antiguidade e idade
média, e até nos dias de hoje, nas questões práticas da vida como
quando uma colheita não vingava devido a seca ou pragas, o lavrador,
tendo feito o mesmo que nos anos passados, não encontrando causa em
si, afirma ser um castigo.
Nos povos pagãos
diziam que os deuses estavam descontentes, irados, castigando ou
punindo os “pobres” humanos... Então, apelavam para outros
deuses, pois sempre tinha um de plantão para atender aos
infortunados e ajudá-los. Por outro lado se a colheita era farta,
então, salve salve oh! deus que permitiu esta colheita farta... essa
influencia dos deuses estava presente também nas disputas humanas
dos povos ou indivíduos, quando se pedia para salvar ou arruinar
este ou aquele. Assim como em alguns cultos espiritualistas atuais
apelam para a linha da direita ou da esquerda dependendo do que
desejam fazer, se bem ou mal.
Se os povos pagãos
tinham os deuses capazes de fazer o bem e o mal, os povos cuja
religião deriva dos antigos Hebreus, por serem monoteístas, tinham
a companhia dos anjos e dos demônios com a mesma função de fazer o
bem ou o mal.
A ideia humana de Deus
conclui que Deus é único, eterno, imutável, soberanamente justo e
bom, onisciente, onipotente, misericordioso e infinito em seu amor e
perfeição, inteligencia suprema, causa primeira de todas as
coisas. O simples fato de existir um poder paralelo ao de Deus ou
anjos perfeitos que se rebelaram, querendo se igualar ao Criador,
contraria os atributos que, dentro de nossa limitação evolutiva,
concluímos serem os atributos de Deus.
A ideia da luta entre o
bem e o mal está enraizada nas crenças mais antigas e também nas
atuais. O Espiritismo, bem compreendido, leva a outro entendimento
sobre o bem e o mal. Dizer que o homem sofre a ação direta do bem e
do mal, que o bem emana de Deus e o mal do Demônio, colocando o
homem como marionete de um ou de outro é isentar a responsabilidade
do homem sobre o bem ou mal que faz.
A ideia de bem ou de
mal também deriva da experiência humana. Convencionou chamar de mal
aquilo que ao longo do tempo nos causa sofrimento e infelicidade e de
bem o que ao longo do tempo nos causa bem-estar e felicidade. Para
algumas pessoas o uso de drogas que causam dependência química pode
causar uma euforia no início, más a longo prazo gera destruição e
sofrimento. Já o uso de drogas na chamada quimioterapia para o
tratamento de cura do câncer causa sofrimento durante o tratamento
mas gera uma felicidade e bem estar futuro. Daí a toxicomania ser um
mal e a quimioterapia ser um bem.
Baseados
nessa relação de causa e efeito o homem moderno sabe que
sentimentos como inveja, cobiça, ciúmes, avareza, egoísmo, ódio
causam sofrimentos. Já o amor, fraternidade, solidariedade, perdão,
justiça resultam em felicidade, nesta e na outra vida.
A visão
antropomórfica de Deus não tem mais lugar. Aquele Deus que manda,
pune e intervém na vida de cada um dá lugar a visão de um Deus
imaterial que rege todo o Universo ou Multiversos, como a ciência
hoje anuncia, com Leis eternas e imutáveis como o próprio Deus.
Quando
jogamos uma pedra para cima, Deus não precisa ordenar sua queda e
nem punir por ela ter se aventurado a voar. Ela simplesmente cai por
uma Lei Natural chamada Lei da Gravidade. Da mesma forma que existem
as Leis Físicas que regem o mundo material, existem as Leis Morais.
Quando infringimos uma dessas Leis Morais, criadas por Deus e
perfeitas como o próprio Deus, sofremos a consequência sem que Deus
precise determinar esta consequência. Da mesma forma só podemos
realizar ao longo da existência o que estas sábias Leis permitem.
E de onde
veio a ideia de anjos ou demônios, eles existem? Perguntaríamos
ainda, alguém já ouviu, viu ou sentiu um anjo?
Se
sobrevivemos espiritualmente após o falecimento do corpo físico, e
sobrevivemos!, é lógico pensar que mantemos as características
morais que tínhamos antes de nosso desencarne, e quase sempre
mantemos!. Aqueles que faziam o bem aqui na Terra continuariam
fazendo o bem na vida espiritual e aqueles que faziam o mal aqui na
Terra continuariam com esta mesma característica na vida espiritual
até que o arrependimento e a vontade de reparar o mal feito surja em
sua consciência, lembrando que o bem gera estados de felicidade e
paz de espírito, enquanto o mal de sofrimento e infelicidade.
Este
estado de sofrimento e infelicidade causado pela prática do mal faz
com que redirecione sua vontade e força vital. Então, a Lei de
Deus, que está inscrita na consciência do homem, rege-o para a
perfeição através da prática do bem. O mal, portanto, é um
estado momentâneo, sem ser necessário, do qual resultará um bem
através do aprendizado que dele resultará.
Aqueles
que se regem pelo mal são mentes enfermiças e que através das
reencarnações irão se iluminar para serem anjos no futuro. Não
são os anjos que decaem, mas o seres imperfeitos que evoluem,
deixando sua imperfeição, pois não foram seres criados perfeitos,
mas com a potencialidade da perfectibilidade e assim se aperfeiçoam
vida após vida para trabalharem incansavelmente nos multiversos
criados por Deus.
Daí
concluímos que o mal é causado pela imperfeição e é um estado
momentâneo que resulta em sofrimento e infelicidade, consequência
natural das Leis Morais da Vida. Já o bem é o estado perene do
espírito cuja destinação é a perfeição e a felicidade. Longe de
haver uma luta entre o bem o mal o que existe é o bem soberano e o
mal resultante da desorientação e ignorância, que na sucessão das
vidas resultará em um bem.
(Leia também o
livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec cap VIII e IX)
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