terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Poder do Perdão

Quando nos deparamos com o conceito espírita “Fora da Caridade não há Salvação”, muitos confundem Caridade com a Beneficência, e se distraem do verdadeiro conceito de Caridade que encontramos em O Livro dos Espíritos, questão 886, quando os espíritos superiores respondem a Allan Kardec que o verdadeiro sentido da Caridade, conforme entendia Jesus é “indulgencia para as imperfeições alheias, benevolência para com todos e o perdão das ofensas”.
Portanto, o conceito de Caridade rege as relações humanas, uma vez que em contato com o próximo, levando em consideração a imperfeição que existe em cada um de nós sempre teremos que lançar mão da indulgencia, da benevolência ou do perdão. E existe aí uma gradação, pelo menos no meu modo de ver: O perdão existe para aquele que não é indulgente e a indulgencia existe para aquele que não é benevolente.
Também a indulgencia, o perdão e a benevolência existe para si mesmo e não para o outro. É claro que o ser benevolente resulta num bem para o próximo, mas ser benevolente não é para o outro e sim para si próprio uma vez que é o caminho da própria felicidade.
Portanto Caridade também é Perdão e é justamente sobre o que iremos nos estender hoje.
Aprendemos na doutrina espírita que Deus não isenta e não pune ninguém. Que é a nossa própria consciência que promove nossa felicidade ou infelicidade futura na vida espiritual. O Perdão de Deus, podemos dizer que é a oportunidade de um recomeço com o benefício do esquecimento dos nossos atos infelizes no passado, ficando apenas gravada na consciência o aprendizado pelas experiencias vividas.
Ser perdoado por alguém não significa que deixamos de ter responsabilidade sobre nossos atos. Por exemplo: em encarnações passados tiramos a vida de um desafeto nosso. Este desafeto nos perdoou, entretanto podemos ser colhidos pelo desencarne prematuramente numa encarnação futura para aprendermos a valorizar a vida.... e sentirmos a interrupção que fizemos sofrer nosso próximo.
Um malfeitor no causa grande sofrimento. Exercemos para com ele a Caridade, perdoando mal praticado. Entretanto o nosso perdão não muda a índole do malfeitor e se nos colocarmos novamente em contato com ele, é quase certo que iremos sofrer novamente... Mesmo assim é possível usar do perdão para com o malfeitor, sem ter que se sujeitar novamente ao sofrimento que a convivência poderia ocasionar. Mas isso não é falta de Caridade? Para mim é usar do discernimento. Sendo Jesus nosso modelo de perfeição, e embora tenha Ele afirmado que não devemos resistir ao mal... em determinadas ocasiões os evangelistas relatavam: “sabendo que queiram prendê-lo desaparece por entre a multidão”... Em outros momentos, vendo o atraso moral daqueles que lhe queriam mal, afirmava “até quando terei que conviver convosco?”
Por outro lado Jesus deixa sua derradeira lição na cruz, quando afirma “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem!” Por ser benevolente, Jesus não se sente ofendido e sabe que aqueles que lhe impingia o sofrimento ainda eram carregados de imperfeições que só o tempo e o progresso moral iriam sanar, mas que chegaria este dia...
O Perdão tem ver com se sentir ofendido e a se sentir ofendido é não ser benevolente e nem indulgente.
Quando alguém diz que precisa perdoar é porque tem uma história de magoa que carrega em seu íntimo. Nem sempre o causador desta mágoa tem consciência de que a causou, mas que sente a mágoa tem uma história muito particular em que o outro sabia muito bem o que estava fazendo e não exitou em fazer...
Quando o magoado conta a história, mesmo que já faça muito tempo é como se estivesse acontecendo agora... É como se algo que tivesse acontecido há muito tempo estivesse acontecendo agora no interior de quem se sente magoado. Esta magoa desperta estados de tristeza, ódio, raiva, depressão... fazendo o indivíduo sentir-se vítima nos acontecimentos, esquecendo que cada um de nós colhe hoje o que semeou em seu passado... este estado de mágoa leva o indivíduo a desejar vingança, o mal alheio ou simplesmente a infelicidade do algoz em sua história unilateral e pessoal de mágoa que não considera as relações que tivemos em vidas passadas. Esta pessoa que se sente ofendida e desenvolveu uma historia pessoal de mágoa não consegue sentir-se bem, em paz e no seu perfeito estado de saúde, portanto o estar ofendido é um estado doentio do ser.
A magoa, a raiva, a infelicidade, a depressão e outros sintomas do não perdão estão associados a dores no corpo, alteração da pressão sanguínea, problemas do coração, câncer, alergias, baixa imunidade, entre outros problemas de saúde.
Podemos dizer que o Perdão é a forma de se libertar desta mágoa. Perdoar não é fechar os olhos para os atos de desamor, nem mesmo esquecer ou desculpar, nem negar o sofrimento ou buscar a reconciliação ou ainda desistir de ter sentimentos agindo com indiferença perante situações semelhantes.
Perdoar é sentir-se em paz, é ter o poder para determinar como irá se sentir com relação ao acontecido. É assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos. É se aproximar da saúde, portanto da própria cura. É uma habilidade que pode ser aprendida. Quando perdoamos deixamos de ser vítimas. E por fim, perdoar é poder fazer uma escolha.
Então, como perdoar?
Primeiro é saber que as coisas não acontecem só com você. Qual é sua história de magoa? É a primeira vez que isto aconteceu neste mundo. Se não, se é um fato que ocorre pode acontecer com qualquer pessoa, inclusive com você. É assim que viramos estatísticas quando perdemos um emprego, falimos, fracassamos, separamos, adoecemos, somos traídos... não queiramos a exclusividade ou sermos privilegiados em nenhuma destas situações, e nem mesmo achar que o nosso verdugo é o único que existe na face da Terra. É bom lembrar que vivemos em um mundo imperfeito que está de acordo com nossa condição existencial. Quem quer a perfeição que a encontre em si mesmo e assim poderá reclamar da imperfeição dos outros.
Para perdoar é preciso saber exatamente o que aconteceu e poder verbalizar o que aconteceu identificando o que houve de errado. Contar para uma ou mais pessoas de sua confiança ajuda neste processo de tornar consciente o que ocorreu. Já contar pra todo mundo o tempo todo acaba por deixar a mágoa bem intensa em si mesmo e dificulta o benefício do perdão.
Depois é hora de decidir o que irá fazer por si mesmo para sentir-se feliz e não poupar esforços para isso. Se decidir perdoar, ninguém precisa saber de sua decisão.
Perdoar não significa voltar a conviver ou ser cúmplice de ninguém.
Saiba que o que aconteceu está no passado, mas o que o torna infeliz são os sentimentos e desconfortos que você sente hoje com relação ao que aconteceu lá no passado (há dez minutos ou dez anos). Portanto quem alimenta o “mal” agora é você pelos sentimentos que nutre em sua alma.
Aprenda a controlar o seu corpo aplicando técnicas de relaxamento, fazendo atividades prazerosas, proporcionando alegria e bem estar a você mesmo.
Aceite que você pode mudar a si mesmo e apenas sugerir mudanças nos outros. Saiba bem o que depende de você e o que pode ou não acontecer porque depende do outro.
A energia para sentir-se bem é sua e é você que a empresta para que outros lhe façam sentir mal.
Busque o amor, a beleza e a bondade ao seu redor.
O perdão é muito mais para nós mesmos do que para o outro, portanto perdoar é uma ato de inteligência pela nossa própria felicidade. Já não se ofender é um ato de amor. Sejam atos de inteligencia ou amor aplicados em nossas vidas, serão sempre atos de Caridade, pois Caridade é benevolência, indulgencia e perdão para com todos, inclusive para conosco mesmo é o caso do Auto-Perdão.

Liberte-se da dor. Pratique o Perdão.

Sugestão de leitura: O Poder do Perdão. Autor: Dr. Fred Luskin.

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