quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Kardec e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Em julho de 1859 Kardec publica na Revista Espírita seu discurso na reunião de balanço do primeiro ano de funcionamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Vemos nas palavras do mestre lionês que ele não considerava o Espiritismo uma religião e sim uma ciência, uma filosofia, com consequências morais, sem templos, cultos e ministros ou sacerdotes. As reuniões para o estudo desta ciência aconteciam na casa de Allan Kardec e por isso, ele dirigia os trabalhos que contavam com cerca de 8 pessoas. Só que este número de pessoas cresceu e necessitaram ir para um salão maior, foi quando Kardec sentiu necessidade de solicitar a autorização das autoridades francesas para realizar as reuniões e festa forma nasce a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Em um ano de funcionamento os membros da Sociedade triplica, mesmo com critérios rígidos para aceitar novos membros mas reuniões. Estes critérios visavam barrar a entrada na Associação quem fosse movido pela simples curiosidade, já que a curiosidade dá e passa e os curiosos vão em busca de outras novidades. Os novos membros deveriam ter noções da nova ciência e assistirem as reuniões com a seriedade e o recolhimento necessários.

Neste discurso de balanço das atividades, Kardec demonstra sua intenção de renunciar a presidência da Associação recém fundada para ficar apenas como membro efetivo, já que suas tarefas na codificação da doutrina espírita lhe absorvia o tempo e não era possível dedicar-se com a assiduidade que o encargo da presidente lhe solicitava. Kardec afirmou que para concluir suas tarefas perante a doutrina nascente, precisaria de mais 10 anos. Sem ser médium ostensivo ele previa com exatidão o tempo necessário para concluir sua atividades aqui no mundo físico, já que em 31/03/1869 retorna para a pátria espiritual.

Como vemos na biografia de Allan Kardec, em nenhum momento ele planejou fundar uma nova doutrina, nem tão pouco fundar uma associação para o estudo e prática desta doutrina. Fora convidado a assistir uma reunião onde aconteciam fenômenos atribuídos ao sobrenatural, assistindo aos fenômenos passou a observá-los a fim de compreender o que estava acontecendo. Das observações; das conversações com metodologia própria com os seres inteligentes que se identificaram como espíritos, seres que já animaram personalidades do nosso mundo; das perguntas sobre filosofia e ciência que lhes dirigia; das relações que fazia com o conhecimento do seu tempo; da análise das cartas e comunicações espíritas que lhes eram enviadas de várias partes do mundo, com as quais pessoalmente se correspondia; e do tempo e esforço que se dedicava na busca da verdade sem teorias pré-concebidas, Kardec se depara com uma doutrina nova, a Doutrina dos Espíritos ou Doutrina Espírita.

Essa nova doutrina que prova a vida após a morte, mostra as relações do mundo espiritual com o mundo material, explica as penas e gozos futuros conforme nossas obras, tem como regra geral a prática do bem no limite das próprias forças e como guia e modelo: Jesus; possui caráter progressivo na busca da verdade, capaz de fazer a aliança entre a ciência e a religião e por isso fortalecedor da própria religião podendo ser católico e ser espírita; protestante e espírita; foi pouco a pouco se propagando e influenciando as massas.

Para Kardec houve a fase da experimentação, a fase da teoria e entravam na fase da vivência, da exemplificação para que a doutrina dos espíritos não fosse letra morta, isso em 1859. Seguia o conselho de São Luis, um dos espíritos que traziam a nova luz, para deixar os fenômenos espíritas para quem quisesse ver e ouvir, mas na Sociedade Parisiense de Estudos Espírita "que se compreenda e se ame". Isso porque o objetivo do Espiritismo é a melhora íntima. Cada um estudando e aprimorando moralmente a si mesmo torna melhor o mundo, o que reflete em benefício para o próximo e nos aproxima de Deus.

Atualmente os centros espíritas formam-se de igual maneira. Um pequeno grupo de pessoas unidas em torno de um ideal sentem a necessidade de formalizar suas atividades e abre suas portas ao público, mas assim como Kardec, jamais se distanciem do estudo que leva à compreensão e do sentimento que leva ao amor para que a doutrina espírita não se transforme em letra morta. Aceitem os encargos e não queiram apenas as honras. Se dediquem as tarefas que são chamados e não aquelas que julguem serem as mais glorificantes. Que se compreenda e se ame para que os frutos se espalhem não somente aos outros, mas principalmente a si mesmo. Onde a luz brilha não existe trevas!

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